TRANSMONTAR

Dissertações sobre Trás-os-Montes, seu passado, presente e futuro. Idiossincrasia transmontana e visão do mundo a partir deste torrão.

17 março 2004

Transmontar: ano II

Transmontar: ano II

Completar um ano de presença em linha, apesar de alguma inconstância e não poucos percalços técnicos, revelou-se uma experiência muito gratificante. Assumo o desejo de publicar a minha visão da realidade, o prazer de ser lido e comentado e a gratidão devida a quem tornou possível a existência das ferramentas que viabilizam este extraordinário meio de difusão das ideias posto ao serviço de pessoas comuns.
Apesar da maior diversidade temática permitida pela v2.0 do projecto Transmontar, a circunstância política transmontana, num contexto atribulado de reforma administrativa, motivou grande parte das minhas reflexões críticas, às quais se seguia, geralmente, a apresentação de propostas, provocações e interpelações. Destas destaco propostas de fomento do empreendedorismo, de reorientação administrativa do território, de política de turismo para a região; provocações no âmbito da política agrícola e agro-industrial; desafios para a assumpção de responsabilidades cívicas e sociais por parte de quadros superiores do tecido social, sobretudo universitários, diante das metamorfoses político-administrativas anunciadas. Neste último caso, anoto com satisfação a tomada de posição que a Universidade de Trás-os-Montes veio a assumir, de liderança de um movimento social de pressão no sentido da unidade transmontana contra o separatismo que está a um passo de se consumar. Embora mantendo uma discordância de base, que se prende com a rejeição da organização territorial proposta pelo governo e não compreenda a reserva de adesão destinada aos residentes em Vila Real, tomar para si o risco do público compromisso com uma solução, qualquer que ela seja, satisfaz o meu repto.
A reflexão acerca do futuro do movimento blogosférico nacional, para a qual me foi útil a participação no I Encontro Nacional, realizado em Braga, vem acentuando um certo tom crítico. Funcionando em capelas mais ou menos mediáticas e de espaço reservado a oficiantes reconhecidos e reputados, a sua dinâmica ressente-se dessa falta de permeabilidade e tolerância em relação a outsiders e à frescura de temas distantes dos da agenda da redacção. É com desalento que afirmo a relativa insensibilidade da blogosfera para debater a ineficácia do municipalismo, apesar das fraudes frequentes e mesmo da falência financeira de Câmaras com a dimensão da de Setúbal ou do Marco de Canavezes e, sobretudo, a sua indisponibilidade para questionar a recente e gravosa resposta governativa para tal ineficiência.
Por último, mas mais importante que tudo, quero vincar o imenso prazer que retirei do contacto próximo, apesar de intermediado pela tecnologia, com desconhecidos que comungam da nossa maneira de olhar o mundo e os seus problemas, que compreendem o que tentamos defender para além da crítica mais ácida, que buscam, a partir das mais distantes latitudes, um olhar ou uma resposta para os acontecimentos que marcam a vida da sua terra e até com aqueles que pensaram poder ler algo que lhes conviria no que comunicamos e que, logo após, se frustraram com a minha heterodoxia. A todos, bem-hajam pela companhia!