TRANSMONTAR

Dissertações sobre Trás-os-Montes, seu passado, presente e futuro. Idiossincrasia transmontana e visão do mundo a partir deste torrão.

06 março 2004

Práticas subterrâneas, ou ditirambo à gestão autárquica

Práticas subterrâneas, ou ditirambo à gestão autárquica

O “Público” de hoje é uma bênção!
Sem honras de manchete ou sequer chamada na primeira página, mas antes dissimulada nas interiores do caderno Local, a investigação conduzida por José António Cerejo percorre 33 anos da história recente de Portugal para reconstituir e documentar as relações pouco virtuosas entre um construtor civil e a Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Um enredo de favores mal explicados, cumplicidades, silêncios, tráfico de influências e uma insinuação subtil implicando o mais alto magistrado da Nação no exercício do seu mandato autárquico, eis o picante digno de uma narrativa policial penalizadora dos cofres municipais e comprometedora para todas as dinastias reinantes na CML, desde a “revolucionária” Comissão Administrativa até à social-comunista dos finais do século passado.
Nem a pedido conseguiria mais eloquente exemplo da valia, probidade e transparência da mui nobre e secular instituição municipal. O que me dói é o apagamento inglório que adivinho que esteja reservado a uma história tão edificante, pois nela se encerra a trama épica bastante para merecer o destaque e reconhecimento de que vêm beneficiando outras novelas mais ou menos pias.
Para quando o fim do dogma intangível da infalibilidade da via municipal como modelo primordial da governação local?