TRANSMONTAR

Dissertações sobre Trás-os-Montes, seu passado, presente e futuro. Idiossincrasia transmontana e visão do mundo a partir deste torrão.

18 março 2004

O Arauto da Paz

O Arauto da Paz

O Dr. Mário Soares reaparece (TSF) para se pronunciar sobre o tema actual do terrorismo, manifestando o seu apoio a uma estratégia de diálogo com os terroristas, contrária à tentação do “esmagamento” que se vem seguindo e que, do seu ponto de vista, só pode conduzir ao fracasso.
Ou me engano muito ou este ressurgimento (mais notado se analisado em contraponto com o prolongado “apagamento” imposto pela precavida gestão de agenda em tempo de “crise do aborto”, contrastante com a inépcia voluntarista revelada pelos “aprendizes de feiticeiro” que governam o PS — a partir do Rato ou de Belém — que apostam tudo, imprudentemente, num tema “fracturante” do qual sairão a perder proporcionalmente ao “capital” investido, Soares não desperdiça munições em tais “guerras” que, no seu percurso pessoal, sempre foram aplacadas com respeitosas “peregrinações” a um qualquer paço episcopal que se encontrasse à mão) há-de ter réplicas frequentes, tal é a atracção pelo “sangue”, por ora apenas insinuado, que o seu “faro” de fera política lho prediz garantido.
Porque a sua motivação vai menos no sentido da compaixão pela dor das vítimas ou do sincero interesse pela contribuição política para o debate e resolução da séria problemática do desafio terrorista e se inclina, resolutamente, para a guerrilha política interna, cuja vitória deseja disputar ou influenciar, Mário Soares não anunciou nenhuma intenção de constituir embaixada e, em jornada rumo ao Oriente, exercitar uma exaltante magistratura de influência, no sentido de persuadir os regimes antidemocráticos locais a adoptar os benefícios da doutrina humanista do republicanismo laico como opção política de grau superior em confronto com a escolha teocrática vigente.
Contrariamente ao que afirma pensar, o Dr. Soares não esqueceu que foi o equilíbrio na força que garantiu resultados nos compromissos havidos e a paz da “guerra fria”, nem ignora que a crise dos Balcãs não encontrou solução em dois ou três anos de “monitorização” à distância e o correspondente low-profile de Clinton, nem nega a importância da firmeza inerente ao sentido de Estado, apoiada na solidariedade incondicional e espontânea das opiniões públicas, empregue no combate que levou ao enfraquecimento e decapitação das lutas irlandesa ou basca.
Sopram, agora, outras brisas... A opinião pública está, paradoxalmente, disponível para se deixar inebriar por perturbadores cantos de sereia pacifistas e o Dr. Mário Soares sabe, como poucos, navegar à bolina.

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