TRANSMONTAR

Dissertações sobre Trás-os-Montes, seu passado, presente e futuro. Idiossincrasia transmontana e visão do mundo a partir deste torrão.

23 setembro 2003

Cunhas para Arlindo

Cunhas para Arlindo

Há por aí mosquitos por cordas a propósito das cadeiras da CCDR Norte, testamentária da defunta CCRN. A escolha dos três vice-presidentes, anunciada por Arlindo Cunha, não terá, alegadamente, respeitado um acordo de cavalheiros visando condicionar este acto por critérios de representação político-partidária e regional. Claro que este tráfico de influências de bastidores não será assumido por ninguém e bem esteve Arlindo para quem não contaram as cunhas. Discricionariamente, escolheu de acordo com critérios de competência técnica e eventual confiança pessoal, atendendo ao passado político dos convidados. Jogou na coesão e coerência da sua equipa, estratégia que os críticos elogiariam caso estivessem a exercitar a análise futebolística, por exemplo. Só que entre um e outro jogo a diferença reside, cada vez mais, no carácter pouco lúdico e na dimensão dos interesses que se jogam em cada passe de política profissional.
Se, em Portugal, a gestão política se pautasse pela isenção, independência, seriedade, responsabilidade e responsabilização dos seus agentes, reacções ressabiadas como a do dirigente distrital de Braga do PSD não teriam lugar, já que seriam pacíficas as escolhas pelo mérito e o exercício concreto da função deixava de ser olhado como disputa de manta curta em cama superlotada, que todos repuxam para melhor se aconchegarem. Porém, no momento actual de desconfiança, rivalidade e reivindicação, até a frase sensata e exemplar, desde que devidamente descontextualizada, do social-democrata vila-realense Fernando Campos ("Trás-os-Montes e o interior estão muito bem representados pelo dr. Arlindo Cunha") apela a uma semântica sibilina.